segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Canta sempre


Canta pela chuva que não se compra.

O que já foi vapor
cai de novo e de novo vai
no calor dos gemidos
dessa mata suada. 

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Hoje



“Foi filho no colo de sua avó  cheirar o perfume do tempo
que prepara singelo a mocidade para a hora de deitar. “
GREGOR SAMSA – DONA BETA


Sou o agora como nunca antes.
Como o sempre que não vem
e o ontem que vai nas lágrimas.

Sou o agora com todos os exageros
com teu cheiro na minha blusa
e o gosto das horas boas.

Sou o agora porque a saudade é um jogo.
Vive no que se esconde
dentro do que há em mim.     

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Clareia


Sorri com a luz.
Porque ela é feita pra isso.
Feito tua pele devagar bem cedo
com a manhã subindo pelas costas
e o dia no hálito fresco dos cabelos.
Pra isso ela clareia.
Pra sorrir tudo o que há para sorrir.

Bom mesmo é ir


Foi do jeito que veio
de qualquer jeito foi
assim dito e feito
cresceu no peito
meio antes meio depois
quando nada foi tudo
foi do jeito que veio
de qualquer jeito foi. 

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Nossa melodia


Sou feito do silêncio
e por isso cuido da noite
como quem se afoga.
Por isso sinto cheiros sem vozes,
beijos sem dores,
como quem nada mais tem.
Cuido sim do que cala.
A poesia é só
como quem balança na brisa.
Sou feito da ausência
por isso cuido de nossa musica
como quem se encontra.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

sábado, 24 de novembro de 2012

Couro,corda, madeira


Segundo eternizado
passado que gira
gira mundo, gira tudo
o corpo que agora gira
gira na vida que sem fim recria.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Maturidade


Sente mesmo porque pesa,
mais que teus muitos sonhos
o peso da noite que vai.

Não se trata de esperar,
o frio vem de toda forma
e deseja a paixão de todo jeito.

Não se trata de madurar,
a voz treme quando menos
e rasga quando mais.

Há só música,
água, relevo, calor,
cada qual ao seu momento.
   
Sente e só.
Mesmo que pese
são teus sonhos e não são poucos. 

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Um cantar à vontade


O riso é uma ilha no domingo.
Vive lá o Baobá,
engraçado que só...
com sua sorte antiga
aos beijos novos.
Vive lá a criança,
teimosa que só...
com o cachorro que pula n’água
aos berros dos velhos.
Vive lá a sereia,
o cantar à vontade
e essas coisas que a liberdade semeia...
O riso é tempo que sopra,
presente bobo do vento
pra onda que brinca na areia.   

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Griô

Os velhos aprenderam a não ouvir
o ruído dos dias,
dos bolsos,
do açoite.

Ensinaram a cantar
no cair da noite
e amar o fogo
na brisa das palmas.

Tudo o que há para saber.

Calaram em cada olhar
o acalanto doce das tardes
a abraçar com os olhos
a pureza das almas.

Disseram com suas mãos grossas
já sumindo na cortina das horas
que não há medo ou vergonha
nem beleza que se imponha.

Há o bem querer
que é fruto cultivado
e não gosta quando o tempo
gira rápido demais.


domingo, 4 de novembro de 2012

Simples

No dia da festa
quero você de algodão

as pessoas vão olhar
com medo que a banda pare.

No dia da festa
você vai ser lavanda

as crianças vão ganhar doces
toda vez que você passar.

No dia da festa
a noite vai ser fresca

e você com seu calor
vai rir de tudo assim.

No dia da festa
quero você pra brincar

e se a sorte me escolher
daqui pra frente tudo vai ser simples.

Todo dia vai ser festa
e você sempre Flor.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

MAIS

Entre a dor e a paixão
melodia em pele, arrepio novo,
segue o corpo ao seu som.

Vai o gozo em cena
seus quadros eufóricos
sua luz amena.

Poeira de não se sabe onde
fina e pura
cega a visão.

E a dor que esteja,
deixa estar, machucar,
o corpo murcha e o hálito dos anos apodrece.

Não nasci pra me importar...
sinto MAIS,
menos não dá.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Muiraquitã

Tem lendas que são reais.
Escondem o sorriso tímido lá no fundo
na espera que alguém em fantasia mergulhe.

E tudo mais é pouco.
O medo do não, a incerteza das horas,
o silêncio da poesia.

Todo presente é a coragem de quem busca
e a beleza de quem cria
mas o todo ainda é pouco.

Mesmo a Lua e suas coincidências,
no vivo desejo da história
que tua vida compartilha.

O medo do não, a incerteza das horas, o silêncio da poesia,
tudo sempre pouco
na tua presença que inspira.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

domingo, 21 de outubro de 2012

Nós



Cantemos.
Será nossa a Vida
e assim também a terra.
A luz, a voz,
tudo que por tudo passa
romperemos.
A sós com nossa coragem 
sem medo cantaremos.
Será nosso o dia.
Por sim, por vós,
lutemos
por toda a graça
sem saber se amanhã virá
a levar tudo que por nós agora passa.

domingo, 14 de outubro de 2012

Para Luiz Carlos, um presente bobo de saudade



nessa Vila sempre nossa em plena Travessa da Amizade


"Em cada palma de mão, cada palmo de chão
Semente de felicidade
O fim de toda a opressão, o cantar com emoção
Raiou a liberdade"
LUIZ CARLOS DA VILA - POR UM DIA DE GRAÇA


Tudo isso nos invadiu.
Todo esse azul.
As crianças correram rindo,
as mães gritaram ralhando
nós como sempre sonhando.
A mesa era a mesma,
nossos pés descalços,
nossa Kizomba sempre armada
sob a lua de Luanda.
Coisa nossa de todas as raças
de vulgar a rei, tudo isso nos invadiu,
ponte lá pro longe dos horizontes.
Nosso prazer de Povo.
Vivo em todas as coisas.
Vivo em todas as partes.
Nós como sempre sonhando.
Poetas.
 

 

Cadência

Tem dias que só o cheiro.
Quente, quieto, devagar
com seu jeito de pedir calma.
Tem dias que tudo para
tudo espera.
Tem dias que só a alma
mais nada fala
e a cadência recupera.

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Candeia


É preciso muito mais.
cada negra nota no peito
cada negro chão em tom
sempre muito, muito maior.
Não basta ter inspiração
cada lágrima é suor
cada saudade é paixão
sempre muito, muito maior.
O povo é que vive.
negra, negro
chão , tom,
suor, paixão,
tudo maior, até a ilusão.  

Mambembe

Muito faz que sempre lembra.
Sem beira na telha
toda memória é uma lenda.

IFÁ

Ifá sim Erê,
quem vem lá é um porquê
danado de adivinhar.

domingo, 7 de outubro de 2012

Tu que passa



Acaba com a inútil graça
da existência desse poema
e traz de volta o que já foi um dia
pois agora tudo vai contigo
pra onde quer que seja
o que quer que seja
Tu que passa.

Conforme manda o regimento



... reina a arte em luta
sem palidez que procrie

não há futuro que se saiba
ou certeza que excite

não há manhã que caiba
ou vida que se sacie...

domingo, 30 de setembro de 2012

Campesino


Na poeira do caminho
crescemos na ousadia da paixão contra o destino.

Noite de criança


Ontem a lua se escondeu
como criança atrás da cortina.
Riu daquela que procurava
porque procurar é coisa engraçada.
Segurou a luz do riso que escapava entre os lábios
até não conter mais o sopro que estalou as nuvens.
Como criança saindo de trás da cortina gargalhou em mensagem:
-Ela apareceu... Linda!!
E a noite que seguiu não coube mais em nenhum poema.    
Completa por si só, criança.

Cidade flor de plástico


Domingo.
A flor da estação não cheira.
Cai a tarde condicionada
ao ar de coisa fria.
E vão às lojas, e vão às telas,
e não voltam mais as prosas
mesmo sendo claro o dia.

Sangram vozes latinas


Tal como somos,
são as veias ainda abertas,
o marrom da gente sem arreio,
o grito pelas frestas.
Tal como somos,
oramos no tom das festas
tragando nossos corpos, nossas vozes em pranto
nosso desencanto com o branco colorindo florestas.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Nova Roça


Muda o pano outra vez.
De propósito, se propósito houvesse,
veio a primavera sem alarde
assobiando tudo ao seu momento.
Fresco, simples, azul,
vestindo pássaro
tecido em flor.
De novo a semente beija a terra
e os calos na chuva nova
plantam alegria pro verão que vem.

domingo, 23 de setembro de 2012

Sobre a necessidade da arte


Cada verso é essa boca que procura o seio
submerso em infantis apegos.
Precipício dos medos de todas as coisas
em todas as peles.
É procura e desesperada fuga
da solidão compartilhada em coro
na fome dos pobres.
Mas não é dor.
E não é ser.
E não É.
Como o dia amanhece e ponto.
Anoitece e pronto.
Recomeça enquanto outro seio é beijado
mas nunca acaba em qualquer ponto
nunca acaba em ponto algum
continua em mais um seio inacabado...

Força


O saci rodopiou
Ventania na palhoça
Sinhazinha bambeou
Tem mironga lá na roça.
João Martins
Raiz nua na eira
em pelo, em cor.
Cheiro de mato, terra molhada
crua e quente.
Sente quem chora
Crê quem duvida.
Samborepemba, semente da criação.

Rio de Bucaneiro


Meio Mar esse Rio.
Portos em cada esquina,
onde batalhões de mortos bailam em solo sagrado,
náufragos em cio, tédio afogado em sina. 

Bobo Xote de Açucena


O fole mais o sargado
o marvado do tempero
o terrêro esturricado
no danado do teu chêro.
Tu Açucena, quando mexe os cabelo
faz aquele atropelo
na fila do desespero.
Mas tenha pena,
pra provar o teu segredo
não duvide ô tenha medo
esse xote é o primeiro.

Ponteado fim de tarde


Há de se convir.

Tem luz nova o sorriso que nutre.
Confusa às vezes, é verdade.
Mas plena.
Nossos corpos folhas secas,
desejam além da existência.
Sonhos úmidos.

Há de se convir.

Sorrisos, desejos, sonhos
quando confundem a seca fibra do saber,
gozam do ponteado além da experiência.
Puro, mesmo que não convenha. 
Na tarde que cai
debulhando o proseado.


sábado, 22 de setembro de 2012

Escolhas


Como tudo é temporal e no temporal cantamos,
são os olhos fechados, os olhos do frio que se aquece,
o não saber, o não chorar , o supor da madrugada no vulto das horas,
isso tudo e nada disso no porquê do passado que esperamos.

É o passado presente como fruta de vez.
Vive na pele agora, dá gosto,
mas no empretecer do cacho
quem amadurece é o meio, na escolha necessária do que ainda não se fez.

Escolhe por paixão...
sem medo, como quem canta,
porque tudo mais é razão.
Tudo mais é certeza que não se alcança.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Subúrbio



Minha alma é esquina
em tom maior de rima.

É a falta do dente e o excesso de gosto.
É a calçada - presente, adjetivo composto.


Cumpleaños



Se mil coisas coubessem num dia,  
todo dia como sem querer saber
ao invés do anoitecer,   
seus sonhos guardaria.

É preciso o tempo.
Escuro, medonho, ausente,
mistério amargo da gente,
descobrir o que traz o momento.

As lições se clareando
deixa Clarear, o tempo passear,
deixa a beleza cobrir seu manto
pra debaixo dele, feito criança brincar.

Se mil coisas coubessem num dia,  
todo dia como sem querer saber
ao invés do anoitecer,   
seus sonhos guardaria.

  

domingo, 16 de setembro de 2012

O verso e a lembrança



Tem poemas que sonham com a gente.
Pregam peças no passado, não se sabe onde
num desfazer de mente
que todo momento esconde.  

Surgem.
São capazes de saltar do vazio
do mar ao rio
até o corpo se afogar.

Os atropelos das noites confusas,
trazem você Morena.
Outra música, outro lugar
suas mãos na rédea da manhã serena.

O claro da noite



É realmente um olhar de mulher.
Claro, longo e solitário.
É a Vida que teima em ser vivida
com medo de dormir pra inocência.

É a terrível sina de sentir o mundo em cada passo,
todo o amor em cada recomeço.

Marcas



Chuva e chão
do momento ao infinito,
sem velas
sem proa
sem dom.

Gente e terra
do sofrimento ao veredicto,
em mazelas  
ecoa  
em som.

Escorre a vida em cicatrizes.
Chora na lida a multidão.

Silêncio Tamborim



É de marcação
e toda marcação evolui.

Cala antes de mudar o passo.
Espera em silêncio a oração.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Epifania


...tão claro como a falta do que nem se viveu.
pulsante, estranho, inquieto,
vivo.

Um afeto desprendido,
apego certo dos seus ais.

Logo mais Flor
o tempo é seu ...
...tão claro como a falta do que nem se viveu.
  

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Varandas


Um vermelhão que agarrava as pernas
viva lembrança das brincadeiras.

Chão das tardes de garotos
pisado com pés de nunca mais.
   

Mais uma vez Cidade


Vem o dia com seus ronronares de pulmão cansado.

Amanhece sem manto e sem ousar calor
a dor das cidades entre os fins de todos os começos.
Passam autos, nem sempre móveis
cheios de nada defumando sonhos.

Vem a noite com as juntas estragadas.

Entristece o corpo sem provar amor
ausente fúria da terra, cansam os bichos, coelhos pós coito.
Caem duros, nem sempre mortos
cheios de nada defumando sonhos.


Segue o Tempo


Uma gota de Rum na imensidão das chuvas corre ao Mar.

Expansivo, fonte de vida renovada,
ritmo escorregadio de inconstância,
bravo e poeta
Mar.

O velho silencia frente o sabor das memórias
o jovem medo dos segredos.

Cai na armadilha dos porquês.
Angústia de saber se as águas que criam e renovam,
são as mesmas desde sempre
e através da carne que refrescam, permanecem iguais .

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

A manhã de nossas vidas


Fina e cinza
lenta e quieta
fria névoa das pobres manhãs.

Acordam pobres vidas.
Chacoalham pobres carnes.
O manto ainda é noite
quando as filas amontoam.

Meio gozo, meio sono,
meio fumo, meio café
vivemos de calor negado como se tudo fosse metade do que está por vir.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

É cacheado

Mata que tudo esconde.

Os medos procuram
uma forma de deslizar,
os dedos venturam
uma forma de se embrenhar.

Aos prantos o gorjear da passarada
intenso, vivo.
Tanto se preenche o tudo
que por vezes é preciso calma.

E quando o tempo para,
rogam pássaros aos cachos:

 - Floreia o vento...

Então canta outra vez
a mata que tudo esconde.

Quando a força vira saudade

O ritmo:
café, notícia, bixo, bar, bóia, cochilo, purrinha, bar, bóia, cochilo.

A melodia:
Nos cantos dessa vida
Cada esquina traz
A dor, uma ferida.” *


*Nelson Cavaquinho - Rei Vadio

Claustrofobia


Enroscada nas próprias pernas geme a dor das senzalas.
Fome de mundo, vontade de tudo, do brinquedo novo.
Das mãos quentes sem pudor arrepiando o corpo
esse veleiro sem vela.

O porto dos olhares, o cais das bocas
fragmentos que sussurram por laços.
Segue a música no seu tom de rio
em direção à abissal liberdade.

Livro dos Rostos


Pele oleosa, cabelos como são,
olho de peixe, dente no feijão.

Mural é terreiro.
Status é poeta.
Evento é São João.

Cutucar é bom na carne
amigo num me adiciona não...

Ponto fraco



Um calo que dói com o frio
um ponto fraco
não um fraco ponto.

É forte, reclama do seu jeito
a ansiedade de saber das coisas
pelo cheiro, pelo gosto.

Alma cega que pra sentir melhor
sai da pele
em poemas, em desejos.

Nosso horizonte



 “Esse seu sorriso, José, é Rosa do Povo
- Então que seria João, do povo sem rosa?
- É, nem haveria José
  Essa nossa prosa”

Martinho José Ferreira - João e José
É o mesmo
visto do mesmo ponto
em pé, sem descanso.
Reto e longe.

É o mesmo
semeamos, lavramos,
em pé, sem descanso.
Tudo que está aí.

É o mesmo
cantamos, amamos
em roda, sem descanso.
O que nós compomos.

É o mesmo
visto do mesmo ponto
em pé, sem descanso.
Reto e longe.

domingo, 20 de maio de 2012

Riso do tempo pobre


Impressa no rosto
a vida vai ao mar.

O existir no não saber,
como quem se faz poeta,
ri por nada mais restar.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Caem as folhas


Engorda o solo e os bichos.
Tudo devagar,
tempo que o Tempo exige.
Por aí, longe da madeira e da palha, o concreto não sente.
O frio, como tudo de real, não existe nas cidades.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Rima das gentes

É de lama, de poeira,
do subúrbio.

Do sul à esquerda, dos terreiros
cria da seca e das enchentes
vem do que ainda é vida
no anoitecer dos tempos.

Do negro, da negra,
do cio do povo.

quinta-feira, 1 de março de 2012

SEMILLAS

as cores estão lá....
...os olhos que as vejam.


Pela janelinha de um sorriso nu
ou por um fresco olhar de rio.


Com as cores vão os sonhos
dormindo na rede do verão que é vida
sob a palha e sobre o barro.

Sonham em colorido
a criança
o riso
o rio.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

YÁBASSÉ


Sentada ali era avó.

Com um jarro na mesa contava os sonhos,
os vividos e os que as crianças riam.

A alma de cheiro fazia essas coisas perdidas no tempo
causos, sabores, amores.
Tudo bem agradecido com pimenta do reino.

Ao redor de um vapor antigo de vida
cresceu quem comia.

Nova água nas flores
novos contos nas dores.

Riso nutrido.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

FARO DE BICHO

Cavuca mulundu que coisa boa tem.

Tem broto crescendo, tem bicho comendo
tem pau verde florescendo
prontinho pra renascer.

Bicho parece que sabe mais...

Tá sempre curioso
num cansa de aprender.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

PRETA TERRA


Um tremor que rasga,
desses que o tempo se pendura pra não cair.

Mas pouco ainda pro que se vive,
pouco leve, pouco clean.

Ou muito...
muito velho, muito chato.

Qualquer que seja a radicalidade,
não há mais fertilidade.
Por mais que rasgue, que force,
viver hoje em dia é um caber constante.   

Sabe quem teima.