segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Insurreição


É o outro.
O frio ofegante no pulmão.
Um talvez que é pouco
frente a certeza do verão.    





Axexê

De azul se fez o manto.
Desfez-se a coroa de pranto para nunca mais.
Para sempre ainda
onde o branco refaz.

Sereno cai, cai sereno
deita pequeno, corpo no fio
sereno da madrugada
cai sereno.

Do couro se fez canto.
Em acalanto entoa o sono, pobre sina desfaz.
Água de moringa
Vida que jaz.

Sereno cai, cai sereno
deita pequeno, corpo no fio
sereno da madrugada
cai sereno.

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Cumeeira e Chão


São duas águas
no mesmo vão.

Mãe pra sombrear, pra proteger.

São duas Pallas.
Cumeeria e Chão.

Filho pra enraizar, pra florescer.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Encardido estandarte


O som longe.
Aos tragos idos,
aos curtos passos,
a imagem esconde.

O credo se perdeu.
O rosto da miséria entre luzes e vozes,
de tudo em volta ao mesmo traço,
desnovelou, transpareceu.

Foi um dia.
Hoje nada mais.
Pesaram as telas,
ofuscaram os olhos sem paz.

Morreu a menina.
Culpado vento
da juventude que não é
um riso a mais no tempo.

Rio sem margens

É preto, branco marrom,
enredo franco sem tom
mito das raças
grito das matas.

É o mar que arrebenta
traz e tira
afoga e sustenta
maré que vira.

É povo,
na curva
no timbre
no torto.

É terra,
é fome
é guerra.
Gente não tem nome.

É quente quando pode
no verão da aurora
frouxo e mole
rio que corre.

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Ilê Axé Opô Afonjá

Não se trata de cegar.
O leito do rio na cabeceira de pedra,
rejeita e não banha
o peito rico que o colar carrega.

Corpo é massa.
Canto é água.
Em ruínas as castas,
ao sopro o papel desaba.

Não se trata de cegar.
Minha fé também luta.
Forjada no ferro,
Mãe pobre e justa.

Nós entre Nós

Ainda no meio da lama,
mesmo em tanto relento,
a gente é quem acode
rosa do povo, nosso rebento.

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Casa Velha

Quando o inverno acabar
outra chuva cairá sobre o mesmo teto.
Agora sei.
Antes fui futuro
de um passado que recupero.


terça-feira, 3 de setembro de 2013

Alumbramento

Arrepio com o branco
que preenche a folha.
É uma estrada toda
em seu desencanto,
chega é vida pouca
pra tão rouco pranto.
Sou poeta e ponto.
Que me custe a roupa
escreverei um conto.

Indulgência

O preceito do samba lamento.
Não canto, não toco instrumento,
nem minha oração sabe rezar.

Escrevo em pobre linha
e onde falta talento,
emoção não há de faltar.

Choro calado.
O que o medo não vê
tão cedo não vai me pegar.

Embaralho palavras
pra quando tudo não crer
o meu universo poder recriar.