Mata que tudo esconde.
Os medos procuram
uma forma de deslizar,
os dedos venturam
uma forma de se embrenhar.
Aos prantos o gorjear da passarada
intenso, vivo.
Tanto se preenche o tudo
que por vezes é preciso calma.
E quando o tempo para,
rogam pássaros aos cachos:
- Floreia o vento...
Então canta outra vez
a mata que tudo esconde.
segunda-feira, 21 de maio de 2012
Quando a força vira saudade
O ritmo:
café, notícia, bixo, bar, bóia, cochilo, purrinha, bar, bóia, cochilo.
A melodia:
“Nos cantos dessa vida
Cada esquina traz
A dor, uma ferida.” *
*Nelson Cavaquinho - Rei Vadio
café, notícia, bixo, bar, bóia, cochilo, purrinha, bar, bóia, cochilo.
A melodia:
“Nos cantos dessa vida
Cada esquina traz
A dor, uma ferida.” *
*Nelson Cavaquinho - Rei Vadio
Claustrofobia
Enroscada nas próprias pernas geme a dor das senzalas.
Fome de mundo, vontade de tudo, do brinquedo novo.
Das mãos quentes sem pudor arrepiando o corpo
esse veleiro sem vela.
O porto dos olhares, o cais das bocas
fragmentos que sussurram por laços.
Segue a música no seu tom de rio
em direção à abissal liberdade.
Livro dos Rostos
Pele oleosa, cabelos como são,
olho de peixe, dente no feijão.
Mural é terreiro.
Status é poeta.
Evento é São João.
Cutucar é bom na carne
amigo num me adiciona não...
Ponto fraco
Um calo que dói com o frio
um ponto fraco
não um fraco ponto.
É forte, reclama do seu jeito
a ansiedade de saber das coisas
pelo cheiro, pelo gosto.
Alma cega que pra sentir melhor
sai da pele
em poemas, em desejos.
Nosso horizonte
“Esse seu sorriso, José, é Rosa do Povo
- Então que seria João, do povo sem rosa?
- É, nem haveria José
Essa nossa prosa”
Martinho José Ferreira - João e José
É o mesmo
visto do mesmo ponto
em pé, sem descanso.
Reto e longe.
É o mesmo
semeamos, lavramos,
em pé, sem descanso.
Tudo que está aí.
É o mesmo
cantamos, amamos
em roda, sem descanso.
O que nós compomos.
É o mesmo
visto do mesmo ponto
em pé, sem descanso.
Reto e longe.
visto do mesmo ponto
em pé, sem descanso.
Reto e longe.
É o mesmo
semeamos, lavramos,
em pé, sem descanso.
Tudo que está aí.
É o mesmo
cantamos, amamos
em roda, sem descanso.
O que nós compomos.
É o mesmo
visto do mesmo ponto
em pé, sem descanso.
Reto e longe.
domingo, 20 de maio de 2012
Riso do tempo pobre
Impressa no rosto
a vida vai ao mar.
O existir no não saber,
como quem se faz poeta,
ri por nada mais restar.
terça-feira, 15 de maio de 2012
Caem as folhas
Engorda o solo e os bichos.
Tudo devagar,tempo que o Tempo exige.
Por aí, longe da madeira e da palha, o concreto não sente.
O frio, como tudo de real, não existe nas cidades.
segunda-feira, 14 de maio de 2012
Rima das gentes
Do sul à esquerda, dos terreiros
cria da seca e das enchentes
vem do que ainda é vida
no anoitecer dos tempos.
Do negro, da negra,
do cio do povo.
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