sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Errante


A folha mexe ao sabor do vento.

Olho pro céu sem perder de vista
não direi que não tento.
E que a estrela insista
terei bom senso.

Mas tanto que brilha
Tanto que é chama
Meu amor que ama
se deixa levar.

Pego no sono
por olhar disperso
de Uni pra Multi verso
a te ver sonhar.


Coité, cuia, mel e dendê

De cuia pra farinha
à coité que é cachaça.
Tudo quase de graça
no valor da tradição.

Veio o velho que tossia
o novo só que ria
veio o grito do galo
no pescoço que torcia.

Inhame angola,
Fava nagô
Teve milho jeje
Mas cedo acabou.

Folha de guandu pro dente a doer
banho de abô pra gente viver.
Preço de feira
mel e dendê.

Rima barata
nega gosta
e no balaio cheio
nego enrosca.

Caxias, Caruaru,
Nova Iguaçu, Sobral.
Repente que repete
É povo, é Carnaval.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Poesia

É no aperto
de silêncio
entre as horas mortas
no segredo
do incenso
entre as línguas tortas.

No fio de mola
que traz o cheiro
na cadência do exagero
que tão pouco possa
é certeza que sem medo
toda a vida é nossa.

Quando chove na Baixada


Olha a rua
A sina da minha calçada
A lama no vale
Baixada.

É margem de rio
Barro que desaba.
Chuva bruta.
Vida alagada.

Caminho descalço
Entre pedra e flor
Em cima do mato
Sem jeito, sem cor

No rosto do povo as marcas cortadas
Cicatrizes de horror
Vida cansada
No Centro a dor. Engravatada.